Associação dos Oficiais
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do Paraná

Carreira

23.07.2019

Oficial paranaense representa o Brasil em formação sobre polícia comunitária no Japão

Único agente da segurança pública a representar o Brasil, juntamente a policiais de outros 14 países, dos cinco continentes do planeta, o Capitão Eliéser Antonio Durante Filho, participou, entre os dias 30 de junho e 13 deste mês, do curso Knowledge Co-Creation Program (Group and Region Focus) on Community Policing. Promovido pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA, do nome em inglês Japan International Cooperation Agency) em colaboração com a Agência de Polícia Nacional japonesa, o programa de cocriação de conhecimento em Polícia Comunitária é voltado para a área de segurança de países cooperados. É o caso do Brasil.

 

O Capitão Durante candidatou-se à vaga e foi selecionado entre os interessados em todo o País, para representar o Brasil no curso, financiado pela própria JICA. O Militar Estadual preenchia os requisitos necessários, entre eles dominar a língua inglesa, ter concluído o Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária,  desenvolvido ou participado da implementação de projetos na área, estar no efetivo exercício de atividades afetas à Polícia Comunitária, além do exame da experiência profissional na área.

 

 

Na formação, os policiais de países como Bangladesh, Benin, Ethiopia, Ghana, Guatemala, Honduras, Liberia, Malawi, Mongólia, Paquistão, Filipinas, Ilhas Salomão, Sudão do Sul, Ucrânia e Brasil, representado pelo Oficial paranaense, participaram de várias atividades, tais como introdução à cultura, política e economia japonesas, apresentações dos relatórios de cada País, condições de funcionamento de Polícia Comunitária, o que é praticado, desafios enfrentados na área e troca de experiências.

 

Passada essa fase, a turma foi apresentada ao funcionamento da segurança japonesa, a partir da Polícia Nacional do Japão, com aulas específicas sobre Polícia Comunitária, que é a base do policiamento naquele país. Os participantes também fizeram uma imersão nos moldes de funcionamento dos Chuzaishos (bases residenciais – policiais trabalham e moram na base, localizadas em áreas rurais e de menor conglomerado populacional) e dos Kobans (bases comunitárias fixas), além de aulas sobre o modelo do policiamento comunitário, com todas as características desse sistema.

 

 

Visitas Técnicas

 

E se engana quem pensa que os policiais dos 15 países tiveram acesso a todo o conteúdo apenas em sala de aula, eles foram a campo. Realizaram visitas técnicas na cidade de Nagasaki. Após as visitas técnicas, finalizaram o curso fazendo um exercício, em que os participantes se reuniram em grupos para desenvolver planos de ação utilizando os conhecimentos adquiridos ao longo das duas semanas, pensando na realidade dos seus países de origem.

 

 

Perspectivas

 

Segundo o Capitão Durante, todos estavam ali buscando aprimorar o Policiamento Comunitário em seus respectivos países, “todas as polícias buscando melhorar sua forma de fazer polícia com base no policiamento comunitário, cada um com níveis de resultados diferentes, dificuldades distintas, mas com a filosofia comum a todos os países, mostrando que não é um paradigma nosso e sim do mundo todo”, disse o Oficial.

 

O Militar Estadual também ressaltou o que considera a essência do sucesso do modelo japonês, em que há uma coprodução de segurança com a comunidade, estabelecendo relação de confiança, polícia e população juntas em prol da segurança pública. “Percebemos que o Brasil está atuando há bastante tempo nessa filosofia, praticamente quatro décadas e aqui no Paraná já tivemos vários projetos exitosos na área e ainda temos programas de muito sucesso, como é o caso do Programa Patrulha Escolar Comunitária. Então foi uma constatação de que nosso país está à frente em relação a outros países, mas que ainda temos muitos desafios e problemas a superar”, classificou o Capitão Durante, que voltou com bastante conhecimento na bagagem e, como docente na APMG, pretende compartilhá-lo desde a base, com os cadetes em formação na academia.

 

 

O Japão

 

“O país chama muita atenção pela organização, pela educação, honestidade, disciplina e pelo senso de responsabilidade e identidade coletiva. Tudo pensado para o coletivo”, explicou o Oficial paranaense sobre suas impressões. E concluiu “é um respeito reverencial que a comunidade tem pela autoridade policial no Japão, por outro lado o policial tem o compromisso com o bem-estar do cidadão, o que torna o sistema uma via de mão dupla.  Um pleno comprometimento em servir à população, deixando claro o sentido de servir”, disse o Capitão Durante.

 

O Paraná

 

O Paraná já formou 17 Oficiais e um 3º Sargento no Curso Internacional de Multiplicador de Polícia Comunitária – Sistema Koban, entre os anos de 2015 e 2018. O Estado também já enviou para o Japão quatro Oficiais em contexto de comitivas, para a realização dos cursos de gestor e operador de Polícia Comunitária – Sistema Koban, que foram o Major Eleandro Azevedo, o Capitão Sílvio Roberto Toaldo, o Capitão Jakson Aquiles Busnello e o 1º Tenente Eduardo Francisco Lewandowski. Todos esses Oficiais compõem um grupo de trabalho de assessoramento da Coordenadoria de Polícia Comunitária da PMPR, e podem contribuir com a Instituição em eventuais projetos e programas que se pretendam implementar na área.

 

Experiências anteriores no Japão

 

Em julho de 2017, o Major Eleandro Azevedo participou do Curso de Gestor de Polícia Comunitária no Japão, para ele “foi uma experiência excepcional nos aspectos profissional e pessoal. Curso extremamente importante não só pela oportunidade de conhecer e de se aprofundar nas práticas de Polícia Comunitária adotadas pela Polícia do Japão, como também de conhecer a Polícia Japonesa em seus aspectos gerais. Indiscutivelmente o Curso tem bastante correlação com a conjuntura da PMPR, em especial por ser uma Corporação que pauta suas ações de atendimento ao cidadão na filosofia de Polícia Comunitária”, disse o Major Eleandro.

 

 

O Capitão Silvio Roberto Toaldo, participou do curso em novembro de 2017, na província de Osaka, juntamente com Militares Estaduais de 15 Unidades Federativas brasileiras. “Fomos muito bem recebidos e acolhidos pelos representantes da Polícia Nacional do Japão. Nas visitas aos Kobans e Chuzaishos foi possível verificar a integração entre o serviço dos policiais com a comunidade, onde as pessoas participam efetivamente na procura das soluções dos problemas, juntamente com as autoridades”, detalhou o Oficial paranaense.

 

 

No ano anterior, mês de outubro de 2016, o Capitão Jakson Aquiles Busnello, atuante no 16º BPM, participou do curso de Operador em Policiamento Comunitário, onde visitou as cidades de Tóquio, Osaka e Kyoto. O Militar Estadual descreve a experiência: “foi única, maravilhosa, posso destacar três vertentes para o sucesso do modelo japonês de policiamento. Culturalmente a atuação coletiva é muito acentuada, é uma visão macro da atuação da segurança pública inserida na cultura japonesa. Uma segunda é a questão tecnológica, que aparece muito, mas não é a mais importante na questão do policiamento, as ferramentas apenas colaboram nessa atuação. A terceira que torna o policiamento no Japão tão eficaz é a política. Apesar de existir a autonomia das províncias e municípios, há apenas uma política de segurança. A Agência Nacional dá um norte para que todas as bases tenham uma atuação padronizada, única em todo o Japão”, disse o Capitão Busnello.

 

 

Ainda em 2016, no mês de junho, o 1º Tenente Eduardo Francisco Lewandowski viveu a experiência de integrar o Curso de Gestor de Polícia Comunitária, nas cidades de Tóquio e Shiga e destaca algumas boas práticas utilizadas na Polícia do Japão: “contratação de policiais aposentados, criação de centros de segurança da comunidade, existência de Departamentos de Segurança Comunitária na estrutura das unidades e delegacias e revezamento de funções dos policiais a cada cinco anos e, ainda, 35% do efetivo da Polícia do Japão é empregado em atividades de Polícia Comunitária”, disse. “A Polícia existe pela confiança do povo japonês”, conclui o Tenente Lewandowski.