Heróis
Policiais. Isto mesmo. Nós temos heróis de verdade. De carne e osso. Não no cinema, na fantasia. Nós podemos vê-los. Eles usam fardas, nas ruas, e são chamados de policiais militares. Outros usam roupas pretas ou vestimentas comuns, como nós, e recebem o nome de Policiais Civis, ou Guardas Municipais. Eles estão por toda parte. Bem diante de nossos olhos. Estão prontos para nos proteger e nos ajudar, das mais variadas formas. Uma pena que muitos de nós não os condecoramos. Sequer os reconhecemos. E ainda os maltratamos.
Não raro, senhores e senhoras de fina estampa, que param em fila dupla no trânsito, revoltam-se com uma simples multa de trânsito. Alguns daqueles que se intitulam dos direitos humanos os qualificam como bandoleiros; e, além disso, querem tornar simpático o criminoso. Não é difícil ver, pela televisão, grosserias e desrespeitos com nossos heróis. Até o filme Tropa de Elite, nosso cinema só retratava e glamourizava a vida bandida. Nas escolas, alguns ainda ensinam que vivemos um Estado policial e opressor. O resultado disso tudo é ouvir a molecada falando, cada vez mais, gírias que principiaram ou são comuns na marginalidade, como mano, vida loca, bagulho e por aí vai.
Que sociedade nós queremos? Quando vamos valorizar o lado certo da eterna luta entre o bem e o mal? Por que é difícil dizer, com todas as letras, que o policial é o representante do bem? Qual a razão de embolar os conceitos? Se alguns policiais erram, por que colocar na mesma vala todos os outros? Por que, quando se prende alguém que cometeu um crime, logo aparecem alguns especialistas para falar em exclusão social, má distribuição de renda, falta de educação etc, ao invés de olharem um pouquinho para a vítima (ou seus familiares) que pode ter sido salva pelo policial?
Idolatramos pessoas distantes de nós. Jogadores de futebol, artistas ou cantores que nunca vão nos dar a mão. Sequer sabem que existimos. Elegemos tais ídolos por puro impacto visual, sensações. E mais. Compramos o que eles vendem. Contribuímos para o patrimônio deles. E desprezamos as pessoas que estão pertinho de nós. Que vão nos atender, em prontidão. Esquecemos aqueles que, realmente, amparam nossas vidas.
Definitivamente, temos que mudar o rumo das coisas. Para começar, bastam gestos simples. Um aperto de mão. Um obrigado. Faça isso, com frequência, para aquele policial que você vê ali na rua, cuidando do trânsito, vigiando, ou, na delegacia de polícia. Reverencie-o com um abaixar da cabeça. Mostre a ele que você o admira e espera dele o melhor, o heroísmo. E pode ter certeza que ele vai corresponder, assim que qualquer um necessitar de sua ação.
Não é fácil ser herói neste país. Nossos policiais realizam seus heroísmos, na maior parte do tempo, contra tudo e todos. Levam pancadas aqui e ali. Chegaram ao absurdo de confrontar heróis contra heróis neste Estado, anos atrás, em cenas chocantes. E eles se levantaram, mais uma vez; talvez, pelas mãos de Deus, para cumprir suas magníficas missões. E eles estão aqui, novamente. Do nosso lado. Para nos salvar.
Sim. Nós temos heróis. São os nossos policiais. Que Deus os protejam, sempre.
Fonte: artigo do Diário da Região, por Evandro Pelarin, Juiz de Direito do Estado de São Paulo