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16.07.2025

APMG: Padrasto e enteados são colegas no Curso de Formação de Oficiais da PMPR

Um fato inusitado ocorre neste ano na Academia Policial Militar do Guatupê: três membros do mesmo núcleo familiar cursam simultaneamente a Escola de Formação de Oficiais (EsFO). Samuel Rocha (40) e seus dois enteados, Arthur Alves de Oliveira (23) e Antony Alves de Oliveira (19), compartilham o sonho de se tornarem Oficiais da Polícia Militar do Paraná.

 Figura 1      Arthur, Antony e Samuel: união, determinação e foco no objetivo

 

Natural de Campo Grande (MS), a família se mudou para Curitiba em 2013 quando Samuel foi aprovado no concurso para soldado da PMPR aos 27 anos, realizando o desejo de seguir a carreira militar, acalentado desde a juventude. Arthur e Antony passaram a estudar no Colégio da Polícia Militar do Paraná (CPM/PR) cuja qualidade foi determinante para a definição da nova morada da família.

 

Esposa de Samuel e mãe de Arthur, Antony e Leonardo, Geislaine Marques Alves incentivou o marido e os filhos a buscarem o melhor para suas vidas, analisando várias opções de carreira, sem forçar as escolhas. Ela deixou um emprego público estável no Mato Grosso do Sul.

 

O ambiente familiar sempre foi propício aos estudos, com destaque para a leitura – hábito que todos cultivam até o presente. Samuel aproveitou a chance que as praças tiveram de realizarem o Curso de Formação de Oficiais (CFO) sem limite de idade. Graças a essa oportunidade, ele ingressou na EsFO, estimulando Arthur e Antony a fazerem o mesmo, o que foi conquistado com muita união, determinação, paciência e foco.

 

“Os Cadetes precisam muito uns dos outros numa relação de interdependência, pois o curso absorve bastante tempo e as atividades se estendem ao domicílio”, observa Samuel. Nos horários de folga, todos costumam assistir a filmes, conversar, praticar defesa pessoal e exercícios em equipamentos de educação física que têm na casa da família em Piraquara. Às vezes treinam juntos para as provas.

 

Samuel e Arthur concluíram o curso neste ano e foram declarados Aspirantes a Oficial. Embora nunca tenham integrado o mesmo Pelotão, estudaram e participaram de algumas aulas juntos, fazendo uma rica troca de saberes, reflexões e experiências. Também compartilharam o mesmo alojamento. “Tenho um colega e um pai próximo, que me ajuda muito”, afirma Arthur.

 Figura 2    

 

ESCOLHA CONSCIENTE – Desde criança, Samuel apreciava a estética militar. Na juventude, passou a perceber o policial militar como modelo de uma profissão digna com estabilidade financeira e capilaridade. “Minha escolha foi consciente: fazer o bem à sociedade, movido pelo sentimento de honra, pois temos o dever de ir em direção ao perigo”, afirma. Para ele, mesmo com as limitações do serviço público, o policial militar deve resolver a situação com os recursos que tem nas mãos naquele momento: “Para cumprir a missão, é preciso criar novas sinapses”. A expertise como Praça proporcionou a ele um bom suporte para desenvolver e exercitar a capacidade de liderança na EsFO por meio do conhecimento adquirido e da interação com os Cadetes.

 

O exemplo de Samuel influenciou a decisão de Arthur, também motivada pelo convívio com amigos filhos de militares. Como aluno do CPM/PR, viu no militarismo uma carreira promissora e uma forma de servir à sociedade por meio de um trabalho digno, com boa qualidade de vida. Aproveitou a pandemia para estudar com afinco e foi aprovado no vestibular em 2022. Na EsFO, desenvolveu habilidades comunicativas, pois aprendeu a se expor ao mundo: “Eu era tímido para fazer palestras, mas com o passar do tempo, ganhei desenvoltura”, observa. A inteligência emocional também foi aprimorada devido à convivência de dez pessoas no mesmo alojamento – oportunidade para aprender a se impor e respeitar limites, abrir portas, manter conversas sérias e exercitar o bom humor em momentos de descontração.

 

Antony está no primeiro ano do CFO. Adaptou-se facilmente ao militarismo porque sempre gostou de ordem e funcionalidade. O ingresso de Samuel e Arthur na APMG lhe serviu de estímulo: “Converso com eles, peço conselhos, tiro dúvidas sobre a vida”. O apoio da família foi determinante e o CPM foi a porta de entrada, pois passava a impressão de grandiosidade. “Queria sentir-me útil à sociedade e a Polícia faz isso de forma direta”, diz. Ele destaca a formação do caráter e o desenvolvimento da capacidade de trabalho na EsFO: “O tempo todo estamos fazendo alguma coisa, aprendendo, tendo que dar conta dos desafios”. Aponta ainda a melhoria das habilidades de comunicação e relacionamento, pois antes não costumava falar com tanta gente. “É um grande aprendizado. Convivemos com pessoas que vieram de outros Estados e desenvolvemos a autonomia”, complementa.

 

ATO DE CORAGEM – Questionados sobre o alto nível de comprometimento, dedicação e abnegação do serviço policial militar, todos reconhecem ter sido a decisão um ato de coragem. “A vida de policial não é fácil e requer muito preparo para reduzir os riscos”, diz Samuel sobre os desafios físicos, emocionais e mentais da profissão, que implica a possibilidade de sacrifício da própria vida. “Quanto mais treinamento e especialização, mais esses riscos diminuem”, pondera Arthur. Para ele, “há que ser profissional quando se veste a farda e sai pronto para enfrentar a realidade, estando apto a lidar com a situação se algo acontecer”.

 

No ambiente da Academia, eles respeitam os ritos. Quando se encontram, batem continência um para o outro. “Se hoje estamos aqui, é devido à chance que a Corporação nos deu somada à vontade individual e à aspiração de seguir essa carreira”, finaliza Samuel.

 

VALORES E VIRTUDES – Para o presidente da Associação dos Oficiais Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Paraná - Assofepar, Coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, esse acontecimento inusitado na EsFO reflete a dimensão da influência dos valores e das virtudes do Cadete Samuel Rocha na formação dos seus enteados Arthur e Antony: “Eles seguiram o exemplo de determinação e perseverança, compreendendo o difícil concurso de admissão e o desenvolvimento do curso, que requer muita resiliência”. O compartilhamento de experiências e os cuidados na convivência acadêmica e familiar possibilitam que cada um seja o construtor da sua própria identidade e personalidade profissional.

Carstens acentua que a Corporação tem sua porta aberta para a ascensão de todos os militares nos quadros da carreira, por meio de concurso, evidenciado pelo esforço e pela competência para superar os desafios do período de formação: “As particularidades e exigências da vida policial militar são essenciais ao preparo e ao emprego operacional em proveito da segurança da população”.

 

Ao cumprimentar todos e especialmente os formandos, o Coronel desejou pleno êxito no exercício da profissão, que é muito dinâmica e gratificante, sobretudo quando as ações são bem sucedidas na proteção dos cidadãos.

 

ORGULHO E RESPONSABILIDADE – Recentemente, o CFO – reconhecido como Bacharelado em Segurança Pública e Cidadania – obteve grau máximo (nota 5) no processo de reconhecimento por uma comissão de professores do Conselho Estadual de Educação. Entre os aspectos avaliados estão a qualificação do corpo docente, grade curricular atualizada, infraestrutura compatível e ênfase em valores e princípios.

 Figura 3    Ideais e valores perpassam gerações do mesmo núcleo familiar

 

O comandante da APMG, Coronel José Luiz Beggiora Junior, ressalta o ineditismo do caso na história da instituição: “Motivo de orgulho e responsabilidade, esta situação única e marcante sugere uma percepção da qualidade da nossa formação e de boas expectativas na carreira militar”. Destaca ainda que a APMG não apenas prepara profissionais de segurança pública altamente capacitados, mas também inspira e cativa a ponto de vários integrantes de uma mesma família desejarem fazer parte dessa instituição centenária, compartilhando seus ideais e valores, que são transmitidos por gerações.

 

Para o Comando da APMG, a escolha da carreira policial militar revela a importância social da profissão: “Este caso é emblemático por transcender a individualidade dos Cadetes e sua família, tornando-se símbolo da confiança depositada na Polícia Militar do Paraná e na formação dos Oficiais realizada pela APMG, que se firma como instituição de excelência”, afirma o comandante.

 

A história dos três Cadetes constitui um legado inspirador para outros jovens que tenham o propósito de servir à comunidade. A par disso, motiva a EsFO/APMG a prosseguir aprimorando-se na missão de formar Oficiais de excelência aptos a protegerem a sociedade paranaense, com profissionalismo, ética e foco no respeito aos direitos humanos.

 

Figura 4     Dois momentos da família: 2014 e 2025

 

Jornalista responsável: Valéria Bassetti Prochmann (DRT 2424/PR – FENAJ 1445)

Fotos do acervo familiar dos entrevistados

 

 

 

 

 

 

 

 

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