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02.04.2017

2 de abril: dia mundial de conscientização do autismo

Ser pai de uma criança autista é um aprendizado, uma experiência que te faz mergulhar em outro mundo, mas todo o processo é carregado de emoções, entre flores e muitos obstáculos.
 
 
Faz lembrar-nos do nascimento de uma criança fisicamente perfeita, linda! Assim atestada pelo pediatra que acompanha o parto e os primeiros anos de vida. Até que você vai percebendo um atraso no desenvolvimento da fala, que é notado pela família ou mesmo na escola, e uma necessidade da criança cada vez mais frequente de isolamento.
 
 
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) afeta o desenvolvimento em três importantes áreas: comunicação, interação social e comportamento, tendo uma grande variação de possibilidades, desde o grau mais leve até o mais severo, quando não se tem verbalização e pouquíssima interação com o mundo exterior.
 
 
As características do Autismo se desenvolvem até os primeiros 36 meses de vida, havendo casos em que a criança começa a interagir pela fala e depois regride, deixando de se comunicar e passando a apresentar as estereotipias clássicas: pular bastante, balançar as mãos e evitar olhar no olho das pessoas.
 
 
As crianças autistas não possuem na maioria dos casos características físicas que as identificam como portadoras do transtorno, sendo este um fator complicador de aceitação social, quando muitas pessoas interpretam ações realizadas por crianças autistas como “birra” ou “falta de educação”.
 
 
O Dia Mundial de Conscientização do Autismo, estabelecido pela ONU na data de 2 de abril, tem o objetivo de trazer mais informação para a sociedade, através da realização de eventos e cobertura pelos meios de imprensa.
 
 
Iniciamos pela importância do diagnóstico precoce. Como dito anteriormente, muitas famílias, como a minha, identifica a possibilidade de algo errado no desenvolvimento da criança a partir do atraso da fala, sendo que essa investigação médica é procurada muitas vezes com 3 ou 4 anos de idade. Atualmente, existem casos de diagnóstico de criança com 1 ano e meio de idade, o que possibilita mais eficácia no tratamento realizado conjuntamente entre o neuropediatra e o psicólogo. 
 
 
O Transtorno do Espectro Autista não tem cura, sendo qualquer alegação existente nas redes sociais sobre isso uma falácia. Porém, com o tratamento adequado e cada vez mais cedo, é possível reduzir as características do transtorno, proporcionando um desenvolvimento da criança em muitos casos próximo do normal.
 
 
Outro aspecto de fundamental importância é a promulgação da Lei 12.764/12, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos de Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, incluindo todos os benefícios legais de pessoas com deficiência. Está prevista a disponibilidade de acompanhamento especializado para as crianças autistas matriculadas em ensino regular, combatendo com sanção prevista a recusa de matrícula no estabelecimento de ensino. Outro fator relevante é a reserva no mercado de trabalho para o autista, na mesma previsão da pessoa com deficiência. 
 
 
Infelizmente, mesmo com a previsão legal, muitos desses direitos não são seguidos pelo Poder Público e estabelecimentos particulares, obrigando as famílias a buscarem o meio judicial em ações que causam muito desgaste emocional.
 
 
A inclusão no ensino brasileiro foi iniciada, mas ainda tem um longo caminho a percorrer, num processo de transformação social que vai tornar as novas gerações muito mais tolerantes com a diferença e detentores de um olhar verdadeiramente inclusivo.
 
 
Ser pai da Laura, meu anjo autista, me tornou um pai melhor, mais paciente e cuidadoso, não só para ela, mas para as minhas outras filhas, crianças neurotípicas. E é esse o poder que eles têm, de transformar todos em sua volta em pessoas melhores.
 
“Do lado de fora, olhando para dentro, você nunca poderá entendê-lo. Do lado de dentro, olhando para fora, você jamais conseguirá explicá-lo. Isso é autismo.”
(Autism Topics)
 
Cap PM Ref Luiz Frederico da Mota Figueiredo